Deveríamos tratar o caso da morte da política e militante Marielle Franco, com mais objetividade e clareza do que temos tratado a maioria dos casos de mortes de mulheres no Brasil. Sim, porque, infelizmente, esses ganchos que surgem, clareiam os contextos e só não vê quem não quer, a gravidade da situação a qual nos encontramos.
Diga-se: mulheres continuam morrendo no Brasil de forma cruel, bruta, injusta e ainda por cima não recebem o tratamento da severidade que a justiça deveria dar a cada um dos casos noticiados. Sim, é preciso chamar a atenção de que há aqueles casos que passam em branco por que não caíram nas graças da mídia.
Como ousa minha senhora, enfrentar - com´pés no chão -, a politicagem?
Mesmo que seja um crime político como muitos têm sustentado, foi uma mulher que morreu e uma mulher que protagonizou espaços dificilmente conquistados: assumiu sua condição homo-afetiva e penetrou no âmbito político. A esfera política - tão ancorada e vinculada ao espaço masculino. Quem era essa mulher que ousava enfrentar e dar voz a lutas femininas tão difíceis?
Política que era, ou se tornou - não importa - entrou num terreno perigoso, locus de confraternizações do eterno poderio do patriarcalismo, do machismo, do preconceito e da injustiça. Quase dizem em nossa cara: "se meteu onde não devia, agora pague por isso." E morta com tamanha selvageria que é inacreditável crermos que vivemos numa democracia.
Que Páscoa 2018 é essa? Comemoramos em Meio à Fragilidade da Democracia
De quantos chocolates precisamos para nos entorpecer e levar adiante a vida cotidiana e nos esquecer que ferimos descaradamente a Democracia brasileira, quando enterramos uma representante política que propunha dar voz aos menos favorecidos? Continuamos um país de privilegiados e tudo bem, dizemos amém a isso e vamos em frente?
Segundo as tradições, Páscoa é sinônimo de renovação, de ressurreição, crença numa nova vida que surge e nos dá forças para continuar, porque fomos "renovados". Tentemos crer na renovação política (que a própria Marielle Franco tentou realizar) da qual imensamente precisamos,
Ou acreditar na ressurreição da força popular para eleger os melhores representantes, ou na esperança que precisamos para conseguirmos atravessar este deserto e sairmos mais fortes, menos apáticos, como os cidadãos amedrontados que nos tornamos, ao perdermos parte da fé que tínhamos nas instituições. Instituições são formadas por pessoas. Vamos enfrentar nosso abismo democrático, parar de temê-lo e dar um basta nele.
Merecemos tudo de bom e do melhor, sempre, em qualquer fase da vida. Principalmente quando já demos tanto de nós a tantas pessoas, precisamos nos dar também, amor e todos os cuidados, a nós mesmas. Não esqueça de seu bem-estar, auto-estima, qualidade de vida, jovialidade, abertura para o novo, cuidar da saúde, de promover a paz e a alegria de viver. Isso tudo faz bem a todos nós!
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