Toda a sociedade há muitos anos discrimina aquelas pessoas que consideram diferente dos padrões escolhidos, para dizer se alguém está ou não está dentro do padrão "aceitável" fisicamente. E por isso se acham no direito de apontar o dedo para o outro, ofender, estigmatizar e até hostilizar, concluindo que podem julgar e decidir sobre os corpos dos outros. A mídia faz isso, as empresas fazem isso, na escola também (com os episódios de bullying), em várias outras instâncias da rede social e até no seio da família há perseguição e abusos.
O Mundo é dos magros
O julgamento vem logo à mente quando olham para alguém acima do peso que julgam ideal e já pensam em críticas cruéis : "Ah! Ele não é saudável", "Ah" Ela deve ser diabética" e
por aí vai. Desde a infância, pessoas com peso superior aos ditames estéticos corporais, foram sujeitas a muito preconceito abusivo que certamente a fez sofrer, chorar, se isolar, ficar deprimido (a), e infeliz, com a autoestima baixa. Além dessa parte subjetiva
dos sentimentos, há os obstáculos práticos do dia-a-dia que deixam a vida cotidiana difícil, como assentos pequenos, catraca de coletivo estreita, roupas adequadas que
não se encontra, etc.
O mercado de trabalho discrimina
É difícil ver a representação positiva do gordo. Quase sempre é visto com deboche e é vítima de comentários maldosos e cruéis. No mercado de trabalho não é diferente, há restrições evidentes, como falta de contratação nas seleções, dispensa sem justa casa ou dificuldade em receber promoções. Mas, algumas coisas têm mudado - aos poucos e devagar - em muitos aspectos, como na moda, a indústria do entretenimento, no lazer, na internet. Há um certo protagonismo surgindo , principalmente por parte de mulheres corajosas, bem resolvidas, donas de si, fortes, assumindo as rédeas de sua própria vida, nem se preocupar nem um pouco com a opinião de terceiros.
"Gordo" pode ter saúde ?
Do mesmo modo que magros acham que têm saúde, o gordo (a) também pode ter. Doenças e problemas patológicos ou hereditários podem surgir em qualquer pessoa. A medicina já não está tão fechada quanto a isso, embora haja muita resistência para entender e aceitar que alguém fora dos limites de aceitação corporal pode estar com pleno vigor físico. As normas sociais incutindo na coletividade quais estilos de corpos são aceitáveis e saudáveis, não são mais admissíveis, há muitas variáveis que precisam ser levadas em conta. Jamais seremos todos iguais e ainda não aprendemos a aceitar isso, a conviver com as diferenças.
Em abril deste ano, uma academia (veja aqui) de ginástica foi autuada pelo Procon devido a uma propaganda considerada ofensiva às pessoas com peso fora dos padrões. Há sites de piadas na internet com dezenas de piadas ofensivas aos "gordos" (coisas tipo: "não basta ser gordo, tem que ocupar os dois lados dos assentos dos ônibus" e outras mazelas ainda piores). A luta contra a gordofobia está apenas começando, mas algumas poucas vitórias já foram alcançadas.
A falta de apoio para a causa do empoderamento da mulher gorda, principalmente, é sutil, ainda há muitos obstáculos a se enfrentar, mas já se pode ver em determinados campos de trabalho mais visibilidade clips de músicas, vídeos, etc com cantores, modelos e outras profissões se solidarizando à causa, ajudando a quebrar preconceitos.
Casos que transformam vidas
Na internet os depoimentos são comoventes. Uma modelo plus size foi hostilizada num vôo (veja aqui). No Brasil, em outubro 2017, uma atriz brasileira foi desrespeitada nas redes sociais após ter publicado uma foto de roupa íntima (veja aqui a matéria completa). Num episódio de uma série brasileira na maior rede de televisão aberta do país, um personagem insinua à namorada que se ela "engordar, nenhum homem vai desejá-la".
Em um outro caso, a universitária Jéssica Balbino teve o muro de sua casa pichado com seu nome a palavra gorda, ela postou a foto da pintura nas redes sociais, mas não se sentiu ofendida, repudiou a intenção da ofensa não contra-atacando. Naturalmente, milhares de pessoas poderiam descrever os inúmeros abusos que sofrem diariamente. Cada um de nós sabe de alguma história ou foi o participante dela.
Eu não sou bom o bastante?
É lamentável os modelos limítrofes de conceitos que nossa sociedade ainda acredita como os ideais de biotipo para todos, inalcançáveis e consequentemente frustrantes, principalmente para as mulheres que são cobradas por sua aparência estética o tempo todo. Quando iremos perceber que ninguém será bom o bastante - nunca - para o outro, sempre estaremos distantes em alguma medida, em algum ideal, de tantas maneiras, que será impossível atingir indefinidamente. Somos o que somos, nossas escolhas são nossas, a "polícia do corpo" não tem o menor base e fundamento com sua rede de intolerância num mundo essencialmente plural, cuja riqueza está exatamente nesta particularidade, nossa singularidade de pessoas absolutamente distintas mas iguais na essência humana. Pena que só vemos o que não interessa.Veja mais em : http://www.arquitetandoestilos.com/gordofobia/ ; https://www.agoramt.com.br/2017/07/caminhada-contra-gordofobia-acontece-neste-domingo-09-em-rondonopolis/ ; http://barbaradoblog.com/gordofobia-o-que-e/ ; https://www.vix.com/pt/bdm/comportamento/orgulho-de-ser-gorda-elas-nao-querem-que-voce-as-ache-bonitas-a-luta-e-muito-maior
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